2 de mar. de 2016

Músicas do álbum dos Mamonas Assassinas - da pior para a melhor.

Falem crianças do fim dos anos 80 e começo dos 90, quem não tinha o CD (ou K7 ou LP) dos Mamonas Assassinas? Quantos de vocês não tinham, mas queriam muito ter? Meninas, vocês achavam o Dinho gatinho? Ou o Bento? Ou os irmãos? Ninguém achava o Júlio o mais gato, ele era como o Howie dos Mamonas, você só começaria a apreciar na "velhice" (ou não).

Olha que gatinhos. Not.


A vida dessa Boy Band Weird Al Zoeira Never Ends brasileira acabou muito cedo em um acidente de avião em 2 de março de 1996. Francamente, é por causa dessa tragédia que até hoje falamos com carinho dos Mamonas Assassinas. Os Raimundos, por exemplo, eram da zoeira também e as crianças gostavam, alguém lembra deles? O grande diferencial acho que era a fantasia, mas até quando duraria a "magia"? Será que no segundo disco as pessoas ainda estariam interessadas ou todo mundo iria apenas encarar como diversão passageira? Nunca saberemos.

Você estragou o encarte? Esse é o meu.
Fato é que mesmo quem não estava vivo em 1995 sabe quem eles são, e quem estava era impossível escapar. Os Mamonas marcaram toda uma geração, para o bem ou para o mal, e vão ser lembrados por muito tempo. O único álbum da banda tem 14 faixas e foi lançado pela EMI (pessoal comprava disco na época), eles apareceram em todos os programas de TV na época e fizeram mais sucesso com as músicas Pelados e Santos e Vira Vira. Elas envelheceram bem? E as outras músicas? Vamos ver agora. Essa é uma lista das 14 músicas, da pior para a melhor (na minha opinião):


14. Sabão Crá Crá:

Tão engraçadinhos né? Que bela bosta. Eu criança cantava "sapo", mesmo depois de ler saco e cu, não sabia porque um saco teria cabelo, um sapo me parecia muito mais plausível.

13. Uma Arlinda Mulher:

Claro que quando a gente é criança, focamos mais na letra que fala do ninho de magafagafos e da hipotenusa do que na que dizia: "Te falei que era importante é competir (sic), mas te mato de pancada se você não ganhar", que vem logo depois de "Você foi agora a coisa mais importante que já me aconteceu neste momento em toda minha vida".

Killgrave? É você?

E depois ainda tem a parte em que ele diz pra ela que ela é uma "besta mitológica com cabelo pixaim parecida com a Medusa" (essa é a que rima com hipotenusa). Em resumo, além de machista, a desgraça da música também é racista.

Foi escrita pelo Dinho e pelo Bento viu gente, acho que é uma das piores músicas já feitas na vida, nada se salva. O Dinho imita a voz de celebridades relevantes apenas na época e no fim continua "cantando" baboseira até que a música termina. Apenas não sou obrigada.

12. Vira-Vira:

Vamos começar falando do Julio "cantando" a parte da Maria? Ok, escroto. Essa é a famosa música da suruba, que deixou todos os adultos de cabelo em pé pra explicar o que era isso para as crianças (oh, the 90's...). Zoando música tradicional e estereótipos portugueses (para quem não sabe, Roberto Leal ainda era relevante), a canção é sobre um casal de portugueses que é convidado para uma suruba. Note que o Manuel fala para a Maria ir no lugar dele, mas no refrão diz que alguém passou a mão na bunda dele e ele ainda não "comeu" ninguém, poor guy.

Mas a Maria, como em todas as músicas dos Mamonas, se dá mal: um negão arranca a "teta" dela. Vou deixar vocês com essa imagem mental por um instante. No fim das contas, ele acha ótimo que a Maria "se deu mal", mas tenta ser legal falando que "mais vale um na mão do que dois no sutiã".

Ah! Piada com arroto. ("ah mas eles faziam comédia", ok, mas continua sendo idiota)

11. 1406:

Eu nunca entendi o título dessa música, mas se alguém souber comenta aí. Essa é a primeira faixa do disco e a que, pra mim, mais lembra músicas dos Raimundos. Ela fala de um cara que não tem dinheiro para dar do bom e do melhor para a família dele, mas que a mulher dele também que tudo o que ela olha! Aí fica difícil, não é mesmo.

A lista de coisas que ela quer: televisão, microondas, micro system (rádio?), microscópio, limpa-chifre (é uma coisa mesmo ou referência pra corno?), facas Ginsu, Ambervision (era óculos, mas nunca soube), Frigi-diet (panelas?), celular, master-line (?), camisinha, camisola, kamikaze.

No final a mulher quer Kamikaze, porque com um marido desses só querendo estar morta mesmo. Ele não poderia simplesmente ter deixado ela?

Essa é possivelmente a mais genérica de todas, é uma das piores de melodia. Tem aquela pegada levemente ska, lembra outras 30 músicas, queria ser Red Hot Chilli Peppers. Difícil.

AH! E tem piada com pum. Criativo pra caramba.

10. Lá Vem o Alemão:

Essa era é uma das minhas músicas favoritas, na época eu bem gostava de uns pagodes e axés. Veja como são as coisas né, o refrão dessa música ainda tem uma guitarrinha, era a combinação perfeita. Descobri lendo o encarte que eles trabalharam com o Leandro Lehart (do Art Popular) e com o Netinho (Negritude Jr), por isso que a música saiu boa.

Mas por que ela está tão baixo na lista? Porque Killgrave ataca novamente na Kombi do Boqueirão. Traição é tema recorrente nas músicas deles, mas nessa, depois que ela vai embora com o dito alemão, ele não consegue esquecê-la e aí: "Eu ainda sinto o seu perfume, um cheirinho de estrume, não tá fácil te esquecer. Toda vez que eu lembro de você, me dá vontade de bater, te espancar, ó meu amor". Dinho e Júlio que são responsáveis por essa pérola. Amiguinhos, isso é CRIME beleza?

09. Robocop Gay:

A maioria das músicas são machistas mesmo, algumas racistas e essa... bem...

Eu acho curioso que tem parte que é "seja o que você quer ser, isso é ótimo" e outras que são horrííííveis. Essa era uma das favoritas de todos, porque mesmo naquela época um homem não resistia a tentação de colocar uma roupa de mulher para zoar, tanto mulheres quanto gays.

A parte bacaninha fica na letra do "abra sua mente, gay também é gente", só que quando ele fala que você pode ser o que você quiser: gótico, punk... ok... skinhead e Muhamed... apenas não. Tá comparando gay com skinhead? E Muhamed é apenas racista.

De resto é basicamente zoando os gays "bicha", mas tem a parte do "devido ao ato cirurgico, hoje eu me transformei". Pode estar relacionado ao bumbum flácido? A virar o "robocop"? Ou seria outro tipo de cirurgia? Confuso. Tem todos os clichês do gay eufórico, do gaúcho, da boneca, etc. ("ah, mas nos anos 90..." - colega, não justifique preconceito falando que "antigamente podia" só porque a comunidade queer tinha menos voz, ok?)

Uma época em que era tranquilo comprar um CD para crianças com MAMILOS na capa. Polêmica.

08. Bois Don't Cry:

Triste que eles obviamente gostavam de The Cure, mas que não tiveram nada remotamente semelhante nas músicas deles, indo mais pro lado de Police e Red Hot, como trocentas outras bandas brasileiras. Essa música é pra ser um sertanejo sofrido, mas falha miseravelmente. Mais uma do tema recorrente de traição, mas aqui colocado bem na sua cara.

De um modo geral a melodia é ok, mas a coisa do "corno que sabe e não se importa" me incomoda. Ele fala que ela é ingrata, mas o que vale é tesão. Ou seja, só não larga ela porque ela é gostosa? Pessoa gente boa.

Ah, essa música termina com as notas da música de Contatos Imediatos do Terceiro Grau. As boas referências estavam lá, o que ocorreu?

07. Pelados em Santos:

Eu nunca gostei muito dessa música, sem me incomodou a maneira como ele canta e a melodia tem um balancinho de reggae que sempre detestei. (a pessoa com 8 anos tava lá ouvindo Mara Maravilha, mas já não curtia os reggae) Eu admiro por ter sido inspirado, mas bem diferente do que existia na época, oposto de 1406. Acho que a música que tem mais "a cara" do Mamonas, porque quase todas as outras é brincando com algum outro estilo musical, ou imitando a voz de alguém. Todas parecem paródias.

Acho que essa também é a única música que ele não é traído e que ele parece gostar de verdade da mina dos cabelos da hora. Só que ele quer MUITO que ela viaje com ele pro Paraguai para eles possam casar e ela não quer, porque a única característica mencionada até agora é que ela é muito bonita e não pode ser comprada com Reebok ou Fiorucci. Eu gosto dessa mina viu.

06. Sábado de Sol:

Essa música é um cover. Olha só. Se é que a gente pode considerar que é uma música inteira, porque tem só um minuto. Eu imagino a cena do grupo esperando alguma coisa e tocando essa música (que é do Baba Cósmica, que um dos integrantes era o Rafael, VJ da MTV anos 90 e amigo deles) e aí alguém tem a brilhante ideia de colocar no álbum. Pelo menos tem mais cara de música do que sabão crá crá e não tem nada muito ofensivo (talvez os maconheiros doidão). Eu acho particularmente engraçado o sotaque carioca.

A versão original é até boa. O começo é ótimo, parece um Paralamas nos anos 80 e depois vira Raimundos também.

05. Chopis Centis:

A música começa toda engraçadona (só que não) fazendo barulhinhos nojentinhos e é toda "falada errado". Me pergunto se era só para ficar engraçado ou se eles estavam zoando com pessoas pouco instruídas.

Acho que era um pouco dos dois, porque eles usam do recurso de falar errado em outras músicas que não tem nada a ver. Mas nessa em que a pessoa fala que vai descer do andaime, que não sabe o que é gergelim, que tem crediário nas Casas Bahia, fica realmente bem estranho.

Curiosidade: no encarte tá escrito Schwarzenegger errado.

04. Mundo Animal:

Uma das minhas favoritas de criança, porque tinha elefantes, cães, vaquinhas e baleias. Essa tem um ritmo legal, tem uns riff básicos, mas grudentinhos. O Dinho canta falando as palavras errado, como em outras músicas, mas nessa acho que fica mais engraçadinho que nas outras. Eu não sei se ele usa os animais como metáfora, mas eu prefiro pensar que são animais mesmo, porque se não a parte das putarias do cachorros, dos seios das cabras, do sexo dos elefantes, vão ficar muito tensas.

Bom, pensando em animais, tem partes toscas, como os camelos com as bolas nas costas (ENGRASSADÃO HEIN (sic)), mas tem partes ótimas como as pombas com mira-laser. Ah, e mais uma música que fala do homem corno, se eles tivessem vivido mais tempo valia uma terapia pra ver esse "complexo de traído" aí.

03. Cabeça de Bagre II:

Nas primeiras notas dessa música você até acha que eles vão fazer uma música mais pro lado de um Metallica, mas não. Por outro lado, é uma das melhores melodias pop rock do álbum. Essa é aquela que fala de quando ele repetiu a quinta série, uma das poucas que não tem nenhuma piadinha escrota, prova que eles conseguiam ser engraçados sem precisar baixar o nível.

A letra em si não diz nada com nada, mas se a gente buscar significado mais profundo tem frases como "a polícia é a justiça de um mundo cão" e "fome, miséria, incompreensão, o Brasil é "treta" campeão" que tem um viés político bem interessante, só que não aprofunda em nada. Se o segundo álbum deles seguisse mais a ideia dessa música (Rage Against The Machine já existia...), seria bem interessante e necessário.

Essa também é a música que tem o riff do Passo do Elefantinho e a risada do Pica-Pau.

02. Jumento Celestino:

Essa música só passa porque o Dinho era baiano, por causa disso não parece que é piada com os nordestinos em São Paulo e sim uma crítica ótima ao preconceito (escancarado na parte em que ele conta que foi espancando na frente de uma multidão gritando "baiano, 'cê vai morrer").

Foi mais uma que mostra o potencial deles de fazer crítica social de uma forma leve e engraçada que quando os conservadores prestassem atenção todo mundo já estaria cantando.

A melodia de forró xaxado combinou com as guitarras melhor do que todas as outras combinações do álbum. Certamente uma das mais divertidas do álbum.

01. Débil Metal:

Ok, o primeiro lugar é mais por preferência pessoal do que por relevância lírica ou musical. Essa é a famosa "música pesadinha" dos Mamonas, onde eles zoam metaleiros, gutural, brasileiros que cantam em inglês (?).

A letra é ótima porque é um inglês todo meio errado e brilhante ao mesmo tempo, "dying to me now is popcorn" deve ser uma das melhores frases de todas as músicas pra sempre. A melodia mostra o potencial que eles tinham como banda de rock "pesadinho", bem melhor do que todo o ska coisa que permeia o álbum, mas ainda na levada de várias outras bandas (mas bandas melhores talvez). Eu realmente odeio reggae/ska. Sorry, é pessoal.

Pelo menos no CD não tinha mais peitinhos

Eu fico pensando pra que lado eles teriam ido com o sucesso, para onde eles seguiriam musicalmente sem ter a necessidade de um som mais "popular". Por outro lado acho que teriam vindo várias outras músicas machistas, com cornos e mostrando toda a fragilidade masculina. É uma pena que não veremos isso e que até hoje não teve uma banda tão interessante (seja pior ou melhor) e com tanto sucesso no Brasil quanto Mamonas Assassinas.







Um comentário:

Unknown disse...

1406 é uma referencia ao numero da polishop na epoca... Nada mais justo ja que a letra fala sobre consumismo etc...